segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CANTILLON - ROSÉ DE GAMBRINUS


Normalmente quando fazemos a degustação de uma cervejaria pela primeira vez, nós da Cervejologia traçamos um rápido perfil histórico, mas no caso da Brasserie Cantillon vamos ter que fazer uma generosa excessão. Não somente o nome não precisa de apresentações para os apaixonados por cerveja, mas é praticamente impossível fazer um resumo de poucas linhas da história desse produtor de Lambic.
Convidamos os leitores da Cervejologia a fazer uma boa pesquisa no Google, se quiserem saber mais. Nós vamos fazer um pequeno resumo.

Essa magnifica cervejaria é ativa desde 1900, ano que foi fundado por Jean Cantillon em Bruxelas. Dentro da cervejaria parece ser uma viagem no tempo ao início dos século passado, maquinários antigos, piscinas de fermentação, ambiente imutável (poeira, madeiras, teias de aranha, e vários insetos). Nos anos 70 a cervejaria passa Jean-Pierre Van Roy (esposo de Claude Cantillon) que consegue com muitas dificuldades comprar as partes da propriedades de outros membros da família Cantillon, esse com pouca vontade de continuar a atividade da cervejaria (produção de Lambic) e que segundo a família não tinha futuro.

Imperdível a visita guiada dentro da fábrica (além do Musée Bruxellois de la Gueuze). Além do Lambic puro e Gueuze (corte de dois Lambic de diferentes idades), Cantillon também produz Lambic com diferentes frutas, como por exemplo as Kriek (com a adição de cerejas na fermentação) e Framboise (com adição de framboesas). E próprio nesse segundo estilo que pertence a Rosé de Gambrinus; os primeiros relatos de uma Framboise se encontram nos documentos dos arquivos da Cantillon desde 1909; a primeira guerra mundial (por razões óbvias) o desaparecimento do uso de frutas nas Lambic. Enquanto as Kriek da Cantillon voltaram a ser produzidas regularmente a partir de 1922, e nos anos 30 a Framboise.

Cerveja jovem (de até um ano de engarrafamento), a Rosé De Gambrinus evidencia todo o seu potencial frutado; deixando-a envelhecer aparecem notas características dominantes típicas de Lambic.

A minha garrafa é de Setembro de 2012. Esplendida cor rubi com reflexos âmbar, com uma espuma abundante "avermelhada", muito fina mas pouco persistente.

Aroma potente de framboesas maduras que domina completamente o cenário fazendo-nos esquecer das características de um Lambic, alguns nuances de morangos selvagens e láctico.

No paladar é fenomenal, leve, carbonatada e vivaz: no início aparece o doce das Framboesas, com uma perfeita progressão azeda primeiramente de frutas vermelhas chegando quase em um limão, terminando com um final seco, ácido láctico e refrescante.

Sobre essa aparência "rosa" delicada da Rosé de Gambrinus está escondida uma complexidade  que passa de nuances terrosos e rústicos de cantina para um delicado fresco primaveril refrescante.

Companhia ideal de uma abafada noite de verão, conseguimos beber-la com impressionante facilidade e frescor. Perfeita para aperitivos, mas também para uma simples pausa para se refrescar em qualquer momento de um quente dia de verão.

País: Bélgica
Estilo: Framboise
Temperatura: 6-7 °C
Harmonização: Queijos forte e potentes (caprino), molúsculos, doces de forno (torta de massa podre com frutas vermelhas)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

BIRRA DEL BORGO - OYSTER STOUT



Em Junho de 2011 no Open Beer Festival na cidade de Roma na Itália a cervejaria artesanal italiana "Birra del Borgo" apresentou a sua Oyster Stout, ou seja um Stout produzida com a adição de ostras. A harmonização entre ostras e Stout pode parecer estranho aos menos experientes, mas é um clássico da harmonização geográfica que surgiu por volta de 1700. 

A primeira tentativa de adicionar ostras diretamente no mosto foi por meados de 1929, pelas mãos de um mestre-cervejeiro neozelandês. Mas o mestre cervejeiro do "Birrificio de Borgo" - Leonardo di Vincenzo - não satisfeito em replicar um extravagante Oyster Stout, além de adicionar quilos e quilos de ostras frescas com concha derivadas diretamente da Grã Bretanha por 30 minutos na fervura, ele também adicionou alguns quilos de berbigões do litoral romano. 

O blog Cervejologia aconselha a dar uma olhada no vídeo, que conta a interessante gestão da receita e o engenhoso mecanismo que introduz as conchas no tino de fervura. O resultado final é uma Stout produzida com 1,8% de ostras e 1% de berbigões. (parte 1 e parte 2)

No copo é praticamente negra, com uma espuma muito persistente cor beige, fina e cremosa.

No nariz é simples, mas muito limpa e elegante, conseguimos perceber café em grãos e peculiares notas de malte tostado.

Incontramos o mesmo cenário na boca, com a mesma limpeza e elegância; corpo médio, pouco carbonatada, dotada de uma maciez incrível no paladar quase que cremosa.

No final emerge bem presente, tons de salgado e salobra que interagem quase que em perfeição, seca, com o retrogosto amargo que renova os nuances de café, tostado e salobra. Teor alcoólico de 5.5%.

Cerveja Caracterizada por uma grande riqueza geográfica, histórica, um gosto limpo e deciso.

Cervejaria: Birra del Borgo
País: Itália
Estilo: Oyster Stout
Temparatura: 8-10 °C
Harmonização: Ostras, Mexilhões, moluscos em geral.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Quatro estilos cervejeiros incomuns, mas perfeitos para o verão!

Sendo a cerveja uma bebida, o seu consumo muda com frequentemente em a base as estações do ano. Não somente no volume de consumo, mas também das tipologias . É muito provável que com a chegada dos meses mais quentes os consumidores deixarão de lado  as cervejas mais alcóolicas e estruturadas, escolhendo estilos mais refrescantes. Mas se os leitores da Cervejologia estão a procura de alguma coisa diferente, saibam que existem estilos menos difusos que são perfeitos para os dias quentes do verão que está por vir, alguns exemplos...

KÖLSCH

Impossível não citar nesse post as Kölsch, as tiípicas cervejas de Köln (Colônia). Esse estilo é entre os (cada vez mais) raros estilos de alta fermentação ainda em vida na Alemanha, mesmo lembrando levemente uma Lager. São cervejas leves, refrescantes e equilibradas, com um final seco e frescos aromas herbáceos.

Nos últimos anos algumas interpretações (o nome Kölsch é protegido pela marca IGP) estão obtendo sucesso fora da Alemanha. Até mesmo algumas cervejarias brasileiras introduziram esse estilo na linha de produção (ex: Eisenbahn, Bamberg, ecc...)


                                                     CREAM ALE

As Cream Ales é um dos poucos estilos nascidos nos E.U.A. e talvez o estilo mais ligado a evolução da cultura cervejeira do país. Pelo nome conseguimos já entender que se trata de uma cerveja de alta fermentação, mas são consideradas cervejas híbridas. O motivo dessa particularidade deriva do pretesto pelo qual nasceram, ou seja, contrastar o crescente sucesso das cervejas de baixa fermentação, nao qual algumas cervejarias começaram a investir. As cervejarias que continuaram ligadas a produção de Ales, tentaram não ficar pra trás procurando propor algumas cervejas parecidas, mas de alta fermentação. A solução? Adotar técnicas produtivas típicas de Lager mesmo não sendo.

As Cream Ales são cervejas frescas, parecidas organoléticamente as Kölsch alemãs, mas podem conter arroz ou milho.


LAMBIC E DERIVADOS

Muitos estilos de verão fazem do amargor o seu ponto de força para se tornarem refrescantes, mas o ácido pode ter esse efeito também. E se estamos falando cervejas ácidas , claramente não podemos eixar de citar as Lambic, Kriek, Gueuze e por ai vai...Trata-se de produções de fermentação espontânea típicas da região de Pajottenland, região belga conhecida principalmente por esse motivo. Se os leitores da Cervejologia conhecem esse estilo e gostam de cervejas ácidas (coisa rara), vocês concordam comigo que esses estilos ácidos são os estilos mais refrescantes nos dias de calor intenso.

                                                       
 GOSE

Se vocês gostam das Weizen alemãs mas estão enjoados desse estilo, porque não conhecer essa variação típica da cidade de Leipzig? Mas atenção, porque as Göse não são cervejas fácil aproximação: porque além de uma percentual de trigo (como as Weizen), esse estilo na receita tem a adição de sal, coêntro e lactobacilos, ou seja, são cervejas levemente ácidas, levemente salgadas e muito temperadas, que talvez aos paladares menos treinados podem parecer agressivas. Mas na realidade é um estilo tanto raro quanto intrigante, e consegue esposar como poucos estilos a sua leve acidez com os dias quentes de verão.


No Brasil pouco tempo atras a Cervejaria Abadessa do Rio Grande do Sul, produziu a primeira Göse do Brasil.

E vocês, quais desses estilos escolheriam? Ou qual vocês acham que poderia agregar essa lista?

Cheers!
Doug